Sabe, Loris, tenho saudades. Daquelas, imensas, monstras e doídas, mesmo que boas. Seu pacote chegou, eu não estava. Te contei que eu botei o pé na estrada? Não como você, que é um mercúrio de asas purpurinadas. Mas como o boi que sou - também - devagar, desconfiada, ruminando - e com resignação. E enquanto escrevo isso posso ouvir você rindo, alto e sempre. (Ainda vou bater na cabra que és, para ver correr desembestada morro abaixo. Existe essa palavra? não sei, vou deixar aí que você entende e não vai torcer o nariz de desdém se ela estiver errada). Ando sozinha, Loris, no bom e no mal sentido. E nem para contar suas histórias eu servi ainda. Sou egoísta, sabia? Escrevo como quem olha no espelho, encadeando eu, eu, eu, eu. São pérolas em um colar de doce desespero. Por um lado é bom encavernar, como urtigão, fingindo que eu sei das coisas, que eu não sou frágil, que eu não tenho medo, que eu resolvo tudo e posso sorrir sempre. Pq quando estou cansada, estou sozinha mesmo posso o