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Mostrando postagens de 2013

Para Lorelay Parte III

Bom dia, Loris! Eu sei que aí, você estaria acordando. Ou quem sabe agora acordou para sempre? Ainda não entendo, como que sou eu, justamente, que escolheste para contar a sua história. Queria fazer algo e desligar, Loris, como o interruptor da mente que descobriste. Juro, queria mesmo, não ri não. Queria fazer algo e não pensar. Só um pouquinho e para sempre. Não ver nunca mais, mas como em brilho eterno, sabe? Sumir. Vou a sua procura ouvindo sua voz, e me encontro. E me perco, Loris, na escuridão que não vi E no brilho psicodélico, que mesmo a sua voz não conseguiu apagar Queria achar você, e me acho, e me perco, e dói. Como um pisca de natal que se apaga e vai para caixa. Tenho medo, Loris, quando sonho contigo e me chamas... Parece que o fim que está traçando tem mais cor que toda a vida que eu conheço. Bom dia, Loris. Hoje eu comecei a te escrever.

Para Lorelai - parte II

E então eu cheguei na parte em que você disse "existem palavras de só pelo fato de existirem, dói. Estarem escritas me causam um incômodo insuportável. E essa é a prova que sou fraca, minha taca, minha zaba, minha mary... Quais, você pergunta. O nome dele, por exemplo". E eu tive que desligar, porque, como se não bastasse você me chamar de taca, zaba e mary, que me fez chorar um bocado, entendia agora a sua dor, tão diferente da minha, e que ao mesmo tempo parecia a minha, parecia igual, parecia parte de uma única história. Que agora eu entendo que é outra, tão outra, e me senti egoísta, e ao mesmo tempo sua irmã, parte de algo que eu não entendo. E vou ali, chorar por três dias. Queria segurar sua mão e não apenas ouvir sua voz, em uma fita cassete distorcida... Saudades que não passam, Loris.

segredo

A verdade é que eu não ligo muito. Nasci como um ogro ariano, que atropela tudo com desejo, Posse. Ou agarra com dedos grudentos ou larga de vez sem olhar para trás. Ou quase. Fingir que nao existe é uma boa tática também. É  como brincar de desaparecer, eu quase consigo. Mas nas noites insones, tem uma coisa pequena e quente. Que queria mar e lareira. Eu sei, não é fácil. É por isso que fica escondida. Os grandes gestos ou as pequenas declarações  Não sei. Alento, casa, um abraço. Sem que tudo pareça uma piada. Mais como naquele livro. Os que deixam o quente da pelagem do coelho para, nas pontas e arriscando cair, olhar nos olhos do mágico sem medo. Queria acreditar que existe um mágico. Sentir na ponta dos dedos, nas coisas pequenas e nos grandes gestos. É só a grande fome de importancia, roncando na madrugada. É só, não sei. Necessidade de não pensar.

Antigo

A luz se apaga aos pouquinhos. Ou talvez, sempre estivesse escuro. Mas agora, ao amanhecer por dentro Eu entenda que não posso ver o sol Nunca mais. Apenas a risada, fria e muito longe Apenas a mentira a que se acostuma. Como um caminho de fuga, Onde nada importa. Só cada um por si. Como ávaros de Dante Se destruindo, pedaço por pedaço. Matando amor, ao invés de dinheiro. Para que o buraco seja mais fundo. Vazio e sem sentido.

Para Lorelay - parte I

Sabe, Loris, tenho saudades. Daquelas, imensas, monstras e doídas, mesmo que boas. Seu pacote chegou, eu não estava. Te contei que eu botei o pé na estrada? Não como você, que é um mercúrio de asas purpurinadas. Mas como o boi que sou - também - devagar, desconfiada, ruminando - e com resignação. E enquanto escrevo isso posso ouvir você rindo, alto e sempre. (Ainda vou bater na cabra que és, para ver correr desembestada morro abaixo. Existe essa palavra? não sei, vou deixar aí que você entende e não vai torcer o nariz de desdém se ela estiver errada). Ando sozinha, Loris, no bom e no mal sentido. E nem para contar suas histórias eu servi ainda. Sou egoísta, sabia? Escrevo como quem olha no espelho, encadeando eu, eu, eu, eu. São pérolas em um colar de doce desespero. Por um lado é bom encavernar, como urtigão, fingindo que eu sei das coisas, que eu não sou frágil, que eu não tenho medo, que eu resolvo tudo e posso sorrir sempre. Pq quando estou cansada, estou sozinha mesmo posso o