Pular para o conteúdo principal

letra primeira

Eu olho para vc
e vc ri
As, vezes, e só as vezes, consigo embarcar
como se seu jeito de menino
me deixasse mais leve
Sabes que usa ele como escudo, tb?
Aí, são apenas tapas infantis
com sua parcela de devastação
e o perdão que as crianças
imputam a seus atos.

Tentas irritar-me, e não consegue.
De fato, ninguém consegue
mas esse é o meu segredo de menina frágil
Irritada, fico uma vez só
e sumo

Mas brinco de sumir, também
como qualquer homem
com medo das correntes imaginárias que
insiste em tecer
Como se advinhasse meus sonhos.
Sim, eu sei
eu sou mulher... mas homem o suficiente para quase nunca procurar
quase...
é aí que me traio

A mulher que atrai o beija flor que tu és
e que nunca vai deixar de achar
que é só passatempo
falta do que fazer
vazio...

Eu respeito o vazio...
de fato, respeito, porque o tenho marcado
em brasas
na carne

Mas tenho que carregar o escudo, sabes?
Ou vai encher meu vazio com o barulho de suas asas
de beija flor
e aí, estarei de novo perdida.

Eu sei voar, mas não sei sair do chão.

Insisto na dança desencontrada. Sem saber
se em suas asas
há castigo
ou prêmio.

A mulher que há em mim por hora... quer devorar o beija flor
que me mostra entre sorrisos...

Mas na mesma hora, a mesma mulher... deseja correr para sempre.
Longe.

Comentários

  1. Você escreve coisas bonitas e difíceis de se ler e pensar. Consigo perfeitamente sentir o que você sente (acho eu na minha inocência), mas não consigo entendê-las,não sei para qual endereços elas foram destinadas. Gosto muito do que você escreve, deixa-me um pouco mais feliz, não sei se você escreve para deixar as pessoas felizes, mas a mim fico com parte incompreensíveis de você, partes que não sei como funcionam, mas só sei que me faz feliz!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

frio de inverno

Chegamos no fim. No fim. No fim. Como um filme, o fim sempre esteve lá. A espreita. Mas enquanto um de nós corria, com a fome dos devoradores, daqueles, que olham para as migalhas sem remorso e nem saudades, o outro nem andava. Não ousava ao menos respirar. Se respirasse, talvez, por Deus... a verdade, é que se respirasse, talvez doesse. Recebia afagos como um cão. Aquele, que agradece as migalhas... Devia ter mordido os calcanhares. Chegamos no fim. E como na fita tediosa, não há, realmente história a ser contada. Conto de números primos. Não se dividem a não ser por si mesmos. Quando eu digo que conheço muitas pessoas legais, aí está: o oftalmo montou esse texto comigo, enquanto medíamos a pressão do meu olho. (Ele media, na verdade. Nós tagarelávamos. E eu tomei liberdades poéticas na história que contamos)

lembrar

Nas madrugadas em que era meu durava o dia inteiro mas era leve como o amor tem que ser aceitação e o preço, agora é o vazio da saudades. Pagarei, sem muito lamento mas perco o sono, toda vez.

poucas palavras

Se eu tivesse um só pedido... queria não ser egoista nunca mais. Nem mesmo um pouquinho. Quem sabe assim ganhasse o que desejo de verdade. O que não se escreve e nem se diz. Update: Eu devia bater em minha mão quando escrevo triste de madrugada. Nada que se ganha funciona. A gente conquista. Quero voltar a ser a pirata que carrega espadas nos contos de meu amigo bardo.