Para ilustrar essa estória... com giz de cera. Era uma vez, uma menina. Ela usava um par de chiquinhas, presas com fita azul, aquele, azul muito forte, celeste. O cabelo era bem repartido no meio, e bem preso. As chiquinhas ficavam no alto. O cabelo da menina era vermelho, bem vermelho. E ela tinha sardas sobre o nariz. E um par de olhinhos negros. E tristes. Ficava sempre na janela, a espiar, pelo canto de uma cortina, cheia de flores de papel. Ela cortava as flores, amarrava, todos os dias, em fios de costura verde. Calma e concentrada, grave até. Como se o equilíbrio do mundo dependesse daquilo. A menina era séria, nunca abria o vidro. Seus lábios, pequenos, tinham poucos sorrisos a repartir. Um dia, intrigada com a alquimia do mundo, suspirou. Todas as dores de seu coração antigo. E teve uma idéia. Foi a cozinha. E suspirou, cheia de dores. Uma vez, e outra, e outra, e outra. Era tanto ar que poderia voar. Mas suspirou em uma tigela, a tigela das claras em neve. Ela fazia